quinta-feira, 12 de agosto de 2010

maristela



Maristela é porta bandeira da Portela,

no piscinão de ramos é a predileta da galera.

Toda sexta tem um ritual transformador,

depois de descolorir suas pernas,

coloca rolinhos,fica como a dona Florinda.

Depois sai desfilando pela casa,

com algodão nos dedos do pezinho.

E quando a noite cai, canta sempre um samba

saudando a boemia:

“ Espero que ainda consiga entrar de cabeça erguida,

no samba da vila, na vida do samba”...

E todos cochicham nas costas da mulata esguia:

Vai ser de bem com a vida assim hein!!!

E com o alvoroço, ela se delicía.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

I always loved the soul



cantava todas as manhãs

pra dispensar o mal humor

na aula das sete, seu divã

colecionava calcinhas e sutiãs


no corcel velho só se ouvia

“get up get on up”

que swingueira, ele dizia:

i always loved the soul


cinco para tal, hora de te ver dançar

fã do loco James Brown

a saudade era seu lar

e seus cinco amigos

só o metiam em confusão

na estrada encruzilhada

só quem o salvava era som


como um mais um são dois

boca suja de batom

fumando um cigarro vermelho

soltou em alto e bom som:

i always loved the soul


não queria ser jurista

não sabia escolher

qualquer um o convencia

se o assunto era beber

ora tenha paciência

seu pai foi quem gritou

vê se toma juízo e traje logo

um figurino de doutor


contrariou seu pai querido

o direito abandonou

e gritava aos quatro cantos

i always loved the soul


hoje em dia é bicheiro

anda cheio de colar

quando fuma um do bom

não se agüenta e vai dançar

fica louco de saudade

de um tempo que passou

i always loved the soul

veím



pobre de barba grisalha

que desistiu da batalha

mora na rua e atende por veím

e contou isso pra mim


saiu da feira da afonso pena no fim

com terno cinza e cuecas de cetim

e no maleta dispensou o elevador

até a rosa que trazia no bolso murchou


tinha uma pressa danada

ele então foi de escada

chegou na porta deu de cara com zelador

o quê que pega doutor?


não deu idéia e terminou de emburacar

foi pra janela do nono andar

olhou pro alto e foi então que ele descobriu

que o seu teto sumiu!!


ficou sem chão com o destino infeliz

e hoje em dia dorme sob a marquiz

e olha que o danado tinha traje de doutor

e agora ele só tem a atenção

de um cara que trampa atrás do balcão, da drogaria guajajaras

e usa trajes de doutor.


pobre de barba grisalha

que desistiu da batalha

mora na rua e atende por veím

e contou isso pra mim

terça-feira, 22 de junho de 2010

Cometa



O meu lado carinhoso viajou.
Outra cidade, tempo espera calma minha.
E minha cama tão fria, tão grande e vazia,
espera o carnaval

Tamanho esmero em tua fala tão genial.
Um lado limpo uma ternura no seu olhar.
Uma verdade assumida.
Um ser humano tão lindo sorri pra mim.

Tamanho esmero em teu gesto.
Aconchegante, fiz meu ninho em teu coração.

Não tenha pressa na volta,
o teu travesseiro estará sempre aqui,
adormecendo entre minhas pernas.
Tua foto refletida no espelho sorri pra mim.

Não tenha pressa na volta,
O teu travesseiro estará sempre aqui.

O meu lado carinhoso viajou.
Outra cidade, tempo espera calma minha.
E minha cama tão fria, tão grande e vazia,
espera o carnaval.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

a escultura




A escultora

Sempre sentada em um tamborete almofadado
na varanda de sua casa às tardes de dias pares,
modelava na argila rostos de pessoas com expressões apressadas.
Também tecia gigantescos cachecóis.
Gostava de chá as quatro e vinte da tarde, também era o horário de usar essências aromáticas para defumar o ambiente.
Lia livros de autores exagerados.
Recitava poemas para sua platéia de samambaias.
Usava pantufas.
Cozinhava com azeite.
Tinha o estranho hábito de contar o número de passos que dava durante o dia e
não podia ultrapassar a marca de 2560 dentro de vinte e quatro horas.
Filmes de faroeste a excitavam e radio só AM.
Passeava pelo parque municipal pelas manhãs colhendo expressões de pessoas apressadas, que mais tarde virariam esculturas de barro queimado.
Frequentava os trabalhos xamânicos em cetés e adorava fogueira de são João.
Algo diferente aconteceu no natal:
Ela fechou os olhos e logo estava em uma espécie de confinamento, encontrava-se em uma tenda armada perto da cachoeira serra morena onde lá ficou meditando em transe sem comer sem beber e sem falar com ninguém até que por fim ouviu o uivar do lobo guará anunciando a chegada do novo ano. Daí ela se libertou do transe ligeiramente abatida e como num passe de mágica se teletransportou até sua varanda, onde acordara sentada em seu tamborete almofadado. Foi quando viu que tudo não passara de um sonho e que a partir disso começou a modelar com o olhar mais sereno a expressão de pressa no rosto de suas esculturas.


colibri



acendeu mais uma luz na cabeça
do sujeito que dormia antes de acordar.
possuía varias teorias novas,
idéias a serem colocadas em pratica
logo depois de se levantar

conhecer o mundo novo
o novo instante de viver
o mesmo, não tão mesmo
um outro jeito de se ver

bem mais que livros na estante
noites sem dormir,
pesquisas por conceitos,
enciclopédias e artigos,
versos, trovas, acalantos
contos, conselhos de gurus,
esotéricos e afins,
o conhecimento chegou de forma sutil.
um colibri que trazia consigo a revelação

mais tarde já refeito de tanta informação
aceitou sua nova busca
sua sina, evoluir
alcançar novos ares , em fim,
espalhar o amor, beijar flores.

ele voou pro sul o com seu terninho azul
ele chegou de mansinho
olhou-te de pertinho
viu teu olhar tristonho
e deu um beijo com carinho
ele voou pro sul com seu terninho azul

segunda-feira, 31 de maio de 2010

vem cá


Pensei em ter amigos
Num segundo já os tinha
Pensei em pássaros
Num segundo os ouvia
Pensei em um grande amor

quinta-feira, 27 de maio de 2010

relatos de uma primavera

alta primavera rolava lá por de trás da parede
dela só conseguia dela sentir o perfume floral
camisas coloridas na sala davam o tom
cisma minha, ninguém dava a mínima pra previa de verão!
então, ninguém pensava também em ter um jardim.
o tempo passava e o ar ficava farto de servir, só servir
mas deu que um dia, sexta feira pra ser mais exato
Ângela Maria, a secretaria de humor oscilante,
chegou com um vazo de flor de lótus.
alguns notaram a planta,
outros não deram a mínima.
mas eu sim, eu sabia que ela estava ali pra mudar a atmosfera.
o trabalho seria a partir daquele dia mais humano
a antítese da melancolia, a parte mais gostosa do dia
a primavera me sorria
eu não fui, mas ela veio, como sempre faz todo ano.

manga

se a manga era rosa,
seria seu tipo ou sua cor?
seria manga de camisa
ou manga de poupa e caldo?
a manga doce por hora
amarelinha exalava sabor.
peralta do prato fugira
alcançando a manga da cor.
a tal manga do tipo colhida,
espada , rubi ou ubá
ou seria
de malha, setim ou tear?
só sei que era prevenida
em um tom de despedida
fugira do prato da ana,
para não levar uma mordida

domingo, 16 de maio de 2010

à risca

Di certo não sei se é tão certo

O que vão pensar

Pode querer ir além

Ou querer ficar

Pensou ser fácil e se mostrou um tanto feroz

Um cidadão instigado

Com seus valores julgados por nós

tem que seguir à risca meu bem

tem que seguir à risca meu bem

tornar-se-á impossível com o tempo

seguir riscas de giz

se traçadas no chão e chover,

bem o que você me diz

se pintadas e o tempo insistir

em fazê-las sumir

se imaginária nem vai se lembrar

se um dia alguém a riscou

e se contudo lembrar-se amanhã

pós um destino reverso da tal

ao ver que vestes um traje melhor

terno de risca de giz,

a maldita, a bendita

a linha do tempo não resistiu

caberá à você escolher se vai chorar

ou se prefere sorrir.

grilo jon

eu disse a ela que quanto maior a perna do grilo, maior o salto
e ela me disse: deixa eu dormir
daí passei a pensar por um lado mais astral
sem bed trip, sem esquecer o meu quinhão sereno
daí eu vi que cabeça colada no corpo não faz verão
e tendo nariz com olfato aguçado, farejei alguém do outro lado
pensando que eu passo o presente lembrando o passado
pensei em algo mais tangível e menos abstrato
e o que ela disse: deixa eu dormir
acho que esse grilo ta pulando fora do normal
com suas idéias passando do plural
duas cabeças na mesma
sente a maresia, isso, sente a maresia
ta explicando tudo, até o sono dela!

suzeti



suzete santana sardenta,
suzete me agüenta, já te superei
o sua doida cadê o clichê
não tenho mais rotina já sou como você
sem sapato, sem bolsa, sem juízo, sem destino
mas veja só o requinte do meu figurino
suzete como nunca essa noite eu me diverti e sorri
muitos julgam defeitos que se enquadram em você
mas na verdade é seu jeito
e ele é lindo de se ver
suzete doida, cachorra,
sua louca, pivete
canivete,
eu te defendi
suzete me diga quem não morreria por ti

sábado, 15 de maio de 2010

soneto do amor platônico


tão linda, tão bela, tão inoportuna
entra e arrasa o meu projeto de vida
semeando seus encantos em meus pensamentos
os quais me invandem a cada vão momento

perigoso seria pensar em não te querer
não suportaria a angústia, seria covarde com meu coração
platônico agora grito com força
e com frio na barriga aperto sua mão

a culpa eu sei não foi minha, talvez tenha sido sua
bastaria ser chata metida ou burra, seja suja, seja nula
mas és doce como mel, olhar de deliciosas jabuticabas maduras

entrego-me ao contentamento descontente
e findo com uma, apenas uma palavra,
esse soneto de minha amargura : platônico

noite triste sertaneja

no sertão quente e seco, suor é água que te sai salgada,
salobra, sofrida, saudosa tempos atrás.
e tão sua se sentia, sem saber só sorria,
de tao feito destino de seu bem, analú.
ainda um ano faltava, vida nova à capixaba,
agora nordestina seu sonho morar no sul
numa rural velha chegava ze afonso seu único alento,
seu canto bem harmonico. seu noivo, era sargento.
seu sapato, couro de cascavél, rockeiro de almenara,
sertanejo se formou.
sabrina seu segredo, desafeto de analú.
se os três eram ligados de padim siço afilhados.
mas deu que seu distino como algo já escrito
como algo destemido universo a conspirar
rogava a deus menino véspera de cavalgada
pedia ajoelhada analú a ler resenha
duelo na estrada ze afonso e bastião,
desembanhara sua espada noite triste no sertão
alento de sabrina forjara-lhe um embrião
despeito a analú no quando da separação
de terno por outrora, ze afonso sem piscar
tião de bota fora sertão a galopar
acauã cantou sem brilho sem luar sem compaixão
findaram com o trio mais feliz desse sertão
passara-se um ano adeus nordeste e tanta sede
casa decorada elvis presley na parede
sabrina e afonsinho, foram então morar no sul
eram novamente um belo trio
com a madrinha analú.


deixa estar

é meu amor a agonia acabou.
bastou pois fugi de mim mesmo,
do encanto e da magia do amor.
cadê aquela inquietude?
e o frio na barriga arrepia o coração.
fico com a lembraça de teus lábios,
um soneto e um samba canção.
um café, um olhar,
um sorriso e uma certeza:
aquilo foi só ilusão.
ah se tu soubesses como lhe tenho carinho
e amor de um irmão.
mas que pevertido não posso dizer isso,
insesto não teria perdão.
mas e o samba

ficou só no coração,
na lembrança de um amor que acabou
com um singelo aperto de mãos

quinta-feira, 22 de abril de 2010

morar com você


No arpoador parei pra pensar
quanto tempo leva
batendo firme uma wave quebra
e um sorriso seu, ah isso é bom demais
é super fina sua blusa de seda colorida floral,
azul anil e amarelinha
define bem a quantas anda seu termômetro vital
fez de presente pra mim um colorido drink tropical
e ipanema entardecia feliz por tê-la ali
e um sorriso seu, ahh isso é bom demais
agora bate a saudade
ecoa forte nas paredes ressonantes da lembrança
o que voçê falou
que eu ja sou tudo o que quer
e não preciso mais dirigir 6 horas pra chegar aí, onde mora você

pampa



Bom dia!
veja o sol, veja o céu
seu rosto ainda amarrotado no espelho do guarda roupas
amontoado de figurinos que você vai estrear.
E na cabeça dos dois, ideal e razão,
tem inicio pra hoje e amanhã conclusão.
Você cheio de ideias e correrias, isso te dá prazer,
e nesse instante não sobra tempo pra cultivar sofrimento.
E o doutor o que diria?
foi o ansiolítico natural que achastes dentro de ti ou foram influências externas qual a visita de um colibri?
só sei que ajudou, uhuu!!!
O que importa é que já não estas tão carrancudo como semanas jás,
e seu olhar novamente é um farol dando norte e indicando um porto seguro.
Agora és alguém que contempla em si uma sede imensa de viver, gostosa de se ver e de querer ser.
Sede de realização!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

o novo


De fato o novo te encanta, te inspira
endorfina, serotonina, dimetiltriptamina
o hipotálomo que o diga
pois bem de fato o novo é instigante
excitante, amante, euforicamente paralizante
ahh seu ser humano!!!
quer novidade a torto que há direito.
e se não tem????
mesmo que esteja lá, lá mesmo onde sempre quis estar,
o que fai falar?
quero algo novo!
ahh o novo.
será que ele,
vai te atormentar?
vai te encantar?
vai te fazer refém?
terás coragem de jogar fora o velho?
olha bem hein, ele ja foi novo.
e o novo, tenha certeza que envelhece
fica sim, velhim, tadim
mas olha ai do seu lado.
quem?
o velho. sempre esteve aí!
bom, desde novo, sempre esteve aí do seu lado
há que ter cuidado com ele
cuidar dele. amá-lo, pois ele sempre terá sido,
apesar de ter envelhecido

na vida do samba



Espero que ainda consiga entrar de cabeça erguida
no samba da vida, na vida do samba
mas saio com outra ferida e entro em mais um desengano
porém com a cabeça erguida
sambando, sambando
te olho ainda de esquina e te vejo em cada menina
sambando e me amando, sambando e me amando
mas chega de provocar, chega de me enganar
quero sair sem pagar do samba que quis me levar
meu mundo de ponta cabeça
meu corpo de pernas pro ar
não tive a coragem ou proeza
de um passo mais largo arriscar
sambei sem sair do lugar.

Quixadá


Nem só de samba viverás meu companheiro
terás um pouco de xaxado, o araruna e o carneiro
virás mancando a requebrar no carimbó
e quando der rodopiar qual um rococó
se em teus encantos houver sonhos ao luar
e em teus ouvidos os profetas da chuva cochichar
que haverá sol ao ver seu dia amanhecer
saia pra vida e deixe o amor te florecer
terás amor eu te condeno companheiro
pra ser sincero também precisará de algum dinheiro
e viverás a tua vida até o final
vencendo a luta pelo bem, guiado por teu mapa astral
e se um dia por ventura no sertão
tomando cachaça com um amigo de sua gratidão
te lembrarás que nessa vida o que vale é o "mer"
que adoça a beiça e dá beleza a todo tipo de mulher
de instrumento tocarás um bom pandeiro
e ninarás com acalantos teu filho em joazeiro
será bom pai, pois é bom filho e um esposo fiel,
bom cozinheiro e no natal talvez tu sejas o noel.
E pra findar o rogativo peço a ti:
quando a agonia que machuca o coração fizer por vir,
te lembras, meu amigo, quiçá por um segundo,
que tua história foi escrita pelas mesmas mãos
que escreveram a história do mundo.

uai sô



Na requebrada vou pedindo que comece a me reparar
sou um sujeito acanhado, só na hora de sambar
cordelizado em influências nordestino-centroeste sulistas
sou um mineiro, sou da gema do encanto e da garoa da conquista
sambo miudinho, sambo miudinho
que é só psê me reparar
sambo miudinho, sambo miudinho
que é só psê se encantar
com esse cara que vem lá das montanhas
comendo pão de queijo no trem
com um sutaquinho sou manhoso, sou cheiroso e carinhoso também
um cara que come quieto, alguém um dia falou
sentindo o tempero danado de bom
demais da conta sô
um cara com pose de artista e pinta de galã
espere só morena até eu por meus óculos ray ban

di vó



Pairava pelo ar um cheiro bom e era de broa de fubá
Aquela tarde eu era criança
Corria a casa, chupava manga, cantarolava, era um pivetim...
Sorria sem culpa, com sentimento
Sentindo o tempo, todinho no tempo
Era tão simples, tão verdadeiro, difícil de encontrar
E toda imagem era tão bela
A mente calma, coisas singelas
A humildade o encantado hoje encontrou
Voltava ver o que há muito não via
Havia paz ao redor
Comia calmo só pra sentir, sentir sabor
A minha mente se abria pra cor!
A minha história ganhava humor!
Aos pouquinhos eu descobria o amor!

terça-feira, 20 de abril de 2010

deixe pra ficar à toa quando eu chegar


chega de pressão e esvazie o pneu de seu carro
chegou de mansinho caminhando veio cedo pra me ver
e eu fiquei impressionado,
intuitivamente eu já sabia de você
que vem da Bahia vem navegar vem pelo o mar, Iemanjá, odociá, a te guiar
que vem da Bahia vem navegar vem pelo o mar, Iemanjá, odociá, odociaba
odoiá mamãe