segunda-feira, 31 de maio de 2010

vem cá


Pensei em ter amigos
Num segundo já os tinha
Pensei em pássaros
Num segundo os ouvia
Pensei em um grande amor

quinta-feira, 27 de maio de 2010

relatos de uma primavera

alta primavera rolava lá por de trás da parede
dela só conseguia dela sentir o perfume floral
camisas coloridas na sala davam o tom
cisma minha, ninguém dava a mínima pra previa de verão!
então, ninguém pensava também em ter um jardim.
o tempo passava e o ar ficava farto de servir, só servir
mas deu que um dia, sexta feira pra ser mais exato
Ângela Maria, a secretaria de humor oscilante,
chegou com um vazo de flor de lótus.
alguns notaram a planta,
outros não deram a mínima.
mas eu sim, eu sabia que ela estava ali pra mudar a atmosfera.
o trabalho seria a partir daquele dia mais humano
a antítese da melancolia, a parte mais gostosa do dia
a primavera me sorria
eu não fui, mas ela veio, como sempre faz todo ano.

manga

se a manga era rosa,
seria seu tipo ou sua cor?
seria manga de camisa
ou manga de poupa e caldo?
a manga doce por hora
amarelinha exalava sabor.
peralta do prato fugira
alcançando a manga da cor.
a tal manga do tipo colhida,
espada , rubi ou ubá
ou seria
de malha, setim ou tear?
só sei que era prevenida
em um tom de despedida
fugira do prato da ana,
para não levar uma mordida

domingo, 16 de maio de 2010

à risca

Di certo não sei se é tão certo

O que vão pensar

Pode querer ir além

Ou querer ficar

Pensou ser fácil e se mostrou um tanto feroz

Um cidadão instigado

Com seus valores julgados por nós

tem que seguir à risca meu bem

tem que seguir à risca meu bem

tornar-se-á impossível com o tempo

seguir riscas de giz

se traçadas no chão e chover,

bem o que você me diz

se pintadas e o tempo insistir

em fazê-las sumir

se imaginária nem vai se lembrar

se um dia alguém a riscou

e se contudo lembrar-se amanhã

pós um destino reverso da tal

ao ver que vestes um traje melhor

terno de risca de giz,

a maldita, a bendita

a linha do tempo não resistiu

caberá à você escolher se vai chorar

ou se prefere sorrir.

grilo jon

eu disse a ela que quanto maior a perna do grilo, maior o salto
e ela me disse: deixa eu dormir
daí passei a pensar por um lado mais astral
sem bed trip, sem esquecer o meu quinhão sereno
daí eu vi que cabeça colada no corpo não faz verão
e tendo nariz com olfato aguçado, farejei alguém do outro lado
pensando que eu passo o presente lembrando o passado
pensei em algo mais tangível e menos abstrato
e o que ela disse: deixa eu dormir
acho que esse grilo ta pulando fora do normal
com suas idéias passando do plural
duas cabeças na mesma
sente a maresia, isso, sente a maresia
ta explicando tudo, até o sono dela!

suzeti



suzete santana sardenta,
suzete me agüenta, já te superei
o sua doida cadê o clichê
não tenho mais rotina já sou como você
sem sapato, sem bolsa, sem juízo, sem destino
mas veja só o requinte do meu figurino
suzete como nunca essa noite eu me diverti e sorri
muitos julgam defeitos que se enquadram em você
mas na verdade é seu jeito
e ele é lindo de se ver
suzete doida, cachorra,
sua louca, pivete
canivete,
eu te defendi
suzete me diga quem não morreria por ti

sábado, 15 de maio de 2010

soneto do amor platônico


tão linda, tão bela, tão inoportuna
entra e arrasa o meu projeto de vida
semeando seus encantos em meus pensamentos
os quais me invandem a cada vão momento

perigoso seria pensar em não te querer
não suportaria a angústia, seria covarde com meu coração
platônico agora grito com força
e com frio na barriga aperto sua mão

a culpa eu sei não foi minha, talvez tenha sido sua
bastaria ser chata metida ou burra, seja suja, seja nula
mas és doce como mel, olhar de deliciosas jabuticabas maduras

entrego-me ao contentamento descontente
e findo com uma, apenas uma palavra,
esse soneto de minha amargura : platônico

noite triste sertaneja

no sertão quente e seco, suor é água que te sai salgada,
salobra, sofrida, saudosa tempos atrás.
e tão sua se sentia, sem saber só sorria,
de tao feito destino de seu bem, analú.
ainda um ano faltava, vida nova à capixaba,
agora nordestina seu sonho morar no sul
numa rural velha chegava ze afonso seu único alento,
seu canto bem harmonico. seu noivo, era sargento.
seu sapato, couro de cascavél, rockeiro de almenara,
sertanejo se formou.
sabrina seu segredo, desafeto de analú.
se os três eram ligados de padim siço afilhados.
mas deu que seu distino como algo já escrito
como algo destemido universo a conspirar
rogava a deus menino véspera de cavalgada
pedia ajoelhada analú a ler resenha
duelo na estrada ze afonso e bastião,
desembanhara sua espada noite triste no sertão
alento de sabrina forjara-lhe um embrião
despeito a analú no quando da separação
de terno por outrora, ze afonso sem piscar
tião de bota fora sertão a galopar
acauã cantou sem brilho sem luar sem compaixão
findaram com o trio mais feliz desse sertão
passara-se um ano adeus nordeste e tanta sede
casa decorada elvis presley na parede
sabrina e afonsinho, foram então morar no sul
eram novamente um belo trio
com a madrinha analú.


deixa estar

é meu amor a agonia acabou.
bastou pois fugi de mim mesmo,
do encanto e da magia do amor.
cadê aquela inquietude?
e o frio na barriga arrepia o coração.
fico com a lembraça de teus lábios,
um soneto e um samba canção.
um café, um olhar,
um sorriso e uma certeza:
aquilo foi só ilusão.
ah se tu soubesses como lhe tenho carinho
e amor de um irmão.
mas que pevertido não posso dizer isso,
insesto não teria perdão.
mas e o samba

ficou só no coração,
na lembrança de um amor que acabou
com um singelo aperto de mãos